Sábado às 21h00, Domingo às 19h00
1 de Julho a 2 de Julho
1 de Julho a 2 de Julho
Teatro Iguatemi Campinas
Shopping Center Iguatemi Campinas, 777
Campinas-São Paulo
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Campinas-São Paulo
O Quarto Estado Da Água
A água não precisa estar em estado sólido, líquido
ou gasoso, como aprendemos na escola. Basta que ela se sinta pressionada
o suficiente para surgir uma quarta fase, que a física clássica não é
capaz de explicar. A descoberta, feita por pesquisadores americanos
quando observaram moléculas de água aprisionadas em um mineral chamado
berilo, que compõe as esmeraldas, foi divulgada no fim de 2016. Com esse
mote, a diretora Bia Szvat leva aos palcos “O Quarto Estado Da Água”, espetáculo que chega ao Teatro Iguatemi Campinas nos dias 01 e 02 de julho, às 21h no sábado e às 19h no domingo.
Anderson di Rizzi, Kiko Pissolato e Herbert Richers
Jr. fazem parte da nova formação do grupo, que tem dramaturgia de Flavio
Cafiero (finalista dos prêmios Jabuti e São Paulo de Literatura com o
livro O Frio Aqui Fora e vencedor do Jabuti na 57 edição com o livro Dez Centímetros Acima do Chão, categoria Contos&Crônicas).
O espetáculo também conta com Fabio Cintra na direção musical e traz ao
palco instrumentos tocados ao vivo (violoncelo, acordeão e sax), que,
juntos formam um quarto personagem em cena e percorrem diversos ritmos
(valsa, jazz, tango) criando uma base para que os atores possam criar
possibilidades cênicas para deliciar um público sedento por um trabalho
que une reflexão e diversão garantida.
Para conseguir dar conta de toda técnica que a peça
exige, os atores tiveram aulas extras de flamenco, tango, balé clássico e
dança contemporânea.
“O Quarto Estado Da Água” é
sobre o homem contemporâneo. A história se passa em cima da laje de um
prédio, com três homens que fogem de uma festa de ano novo (no andar
térreo) e sobem para respirar um pouco. A partir daí, confissões,
angustias e memórias surgem e um jogo de memória entre presente, passado
e futuro entra em cena. Do alto do arranha-céu, os personagens
questionam qual é o lugar do homem neste mundo contemporâneo, onde novas
sexualidades e novas formas de amar estão cada vez mais latentes.
Comédia Refinada: O Quarto Estado da Água é o tipo
de comédia refinada, um tanto desalentada e auto irônica, que usa e
abusa da escala dramática do ator, levando o público a rir e refletir
sobre o mundo contemporâneo. Um espetáculo fluído, cheio de som e
imagens e texto enxuto, que traz tudo o que o público espera e algumas
surpresas mais para emocionar e relembrar que o teatro acima de tudo é
diversão, como dizia o velho mestre Brecht.
A diretora Bia Szvat explica que o espetáculo faz
uma analogia da vida dos personagens com os quatro estados da água.
“Quero abordar os detalhes e sutilezas do homem contemporâneo e as
construções da nova masculinidade, mas sem julgamentos e conclusões. O
levantamento de questões de forma criativa e leve tenta resgatar a arte
como entretenimento, espaço de reflexão e construção artística”.
Prisma do sensível
A montagem nasceu do encontro entre a diretora Bia
Szvat e o ator Anderson di Rizzi. Bia fez a preparação de Anderson para
seu personagem Zé dos Porcos na novela Êta Mundo Bom!, da TV
Globo. O entrosamento dos dois levou ao desejo de fazerem algo no teatro
e foi um caminho natural reestruturarem o grupo que Bia dirige desde
2011. “O Quarto Estado Da Água” faz
parte de um projeto de Bia Szvat que contempla a estreia de três
espetáculos em 2017. “São espetáculos que focam em grandes temas atuais
com o objetivo de sensibilizar e não confrontar”, enfatiza a diretor a.
O primeiro espetáculo é Peça para quem não veio,
que já realizou apresentações de abertura do processo criativo no mês
de março no Tusp. A montagem, com a atriz e cantora francesa Laurence de
Seve, dá continuidade à parceria entre a Cia. Pau D’arco de Teatro, da
diretora Bia Szvat e a Compagnie Nie Wiem, da França. O segundo
espetáculo é “O Quarto Estado Da Água”, que
aborda a nova masculinidade e o homem contemporâneo, e o terceiro,
chamado Sobre Alices, discute o feminino com atuação da atriz Lucy
Ramos.
Construção cênica
“O Quarto Estado Da Água” parte
de uma pesquisa acerca de novas possibilidades da dramaturgia
contemporânea, subvertendo o processo tradicional de construção cênica –
no qual o desenvolvimento se dá por camadas – e tecendo uma performance
em que atuação, construção sonora, dança, canto e direção artística e
criação do texto caminharam juntas. A partir de experimentos realizados
com os três atores, o dramaturgo Flavio Cafiero apresentou proposições
de situações; estas foram retrabalhadas em cena junto à direção e
novamente voltaram para o dramaturgo, num contínuo processo de
retroalimentação entre as instâncias da criação.
Para o ator Anderson di Rizzi, o tema proposto é
complexo e amplo, mas muito atual e necessário. “Na peça, os três
personagens discorrem sobre o mundo contemporâneo, divagando a respeito
de experiências nas quais um indivíduo pode ter relações e identidades
de gênero que não se encaixam nas categorias-padrão. Outro ponto
pertinente da montagem é mostrar o homem reagente, já que a mulher mudou
de lugar na sociedade atual”, conta ele.
Já Luiza Curvo, em sua segunda incursão pela área da
cenografia, ressalta a importância do diálogo e das trocas ocorridas
entre a equipe no decorrer do processo. “Conversei bastante com a Bia e a
gente se preocupou o tempo inteiro em utilizar a água, enquanto
elemento cênico, para além das formas que a gente conhece no dia-a-dia,
caminhando para atingir a sensibilidade do público”, frisa.
A luz, assinada com Cesar Augusto Pivetti e Vânia
Jacônis é outro elemento importantíssimo na montagem. “a luz deste
espetáculo foi um elemento ativo na construção das cenas. Durante cada
ensaio o desenho de luz era pensado e utilizado como parte essencial do
espetáculo”, diz Bia Szvat.
“Acredito numa forma libertária de direção do grupo,
onde a autodisciplina é fator preponderante para que o espetáculo
aconteça com a criação de toda uma equipe. Neste sentido, o meu teatro
não enxerta uma visão do diretor na peça sem antes ter um sentido de
escuta profundo dos atores-compositores e de toda a equipe criativa que
constroem o significado do espetáculo juntos, durante a pesquisa
artística”, diz Bia Szvat.
O resultado é um espetáculo altamente atraente, uma
comédia feita com humor corrosivo, diálogos bem esculpidos cheios de
primeiras, segundas e terceiras intenções, repleto de musicalidade,
tempos de reflexão para todo mundo que busca algum frescor na forma de
se fazer teatro.
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